sexta-feira, maio 01, 2015

CPI ameaça pedir busca da PF na Petrobras

Deputados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a corrupção na Petrobras cogitam pedir à Polícia Federal uma busca e apreensão na sede da estatal para ter acesso às atas das reuniões feitas pelo Conselho de Administração entre 2003 e 2012, período investigado pela Lava-Jato. Segundo o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), a CPI pede as atas desde fevereiro, sem ser atendidos. Na segunda-feira, a solicitação voltou a ser apresentada à nova diretora da Petrobras, mas os executivos disseram que ainda estavam reunindo o material. - Estamos muito preocupados com isso. Essas atas estão num arquivo digital. Qual a dificuldade de reunir e entregar? A CPI já decidiu que, se essas atas não forem apresentadas até segunda-feira, vamos pedir busca e apreensão - disse Leite. O deputado contou que diretores da estatal confirmaram à CPI na segunda-feira que as reuniões do Conselho são gravadas, mas informaram que os registros do período investigado já foram destruídos. A CPI tinha a expectativa de obter as gravações para esmiuçar a atuação da presidente Dilma Rousseff no período em que ela, como ministra do governo Lula, dirigiu o conselho. Um dos pontos de interesse é o aval dado por ela para a compra da Refinaria de Pasadena, que gerou prejuízo de US$ 792 milhões. Ontem, o jornal "O Estado de S.Paulo" informou que solicitou as gravações por meio da Lei de Acesso à Informação, mas que a estatal negou o repasse, dizendo que elas haviam sido eliminadas depois da redação e da validação das atas das reuniões. Segundo uma fonte na estatal, somente após o início da auditoria interna na Petrobras motivada pela Lava-Jato, em novembro, os arquivos passaram a ser preservados. A Comissão de Valores mobiliários (CVM) informou que todas as companhias abertas são obrigadas a encaminhar ao órgão apenas as atas com "deliberações". Não são exigidas gravações ou vídeos. Conselheiros de outras empresas ouvidas pelo GLOBO disseram que não é praxe gravar reuniões. Segundo o Instituto Brasileiro de Gestão Corporativa (IBGC), trata-se de uma opção das empresas. O Tribunal de Contas da União disse ter recebido da Petrobras a informação de que "as gravações de áudio e vídeo do Conselho são eliminadas após a lavratura da ata da reunião, em atenção ao que determina o Regimento Interno desse conselho". A Petrobras não respondeu. Ontem, o juiz Sérgio Moro aceitou denúncia do Ministério Público Federal, transformando em réus em mais uma ação o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e o empresário Augusto Mendonça, do Grupo Setal. Eles são acusados de lavar R$ 2,4 milhões por meio da Gráfica Atitude, ligada ao PT.

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