sexta-feira, fevereiro 15, 2013

Democracia de luto por Fernando Lyra

Se todos os adjetivos não fossem suficientes para definir o guerreiro e autêntico Fernando Lyra, um substantivo resumiria todos os pensamentos e a importância de seu currículo para a democracia brasileira: ministro responsável pelo fim da censura deixada pela ditadura de 64. Destemido e briguento na trajetória política, o ex-deputado federal do "grupo dos autênticos do MDB" e ex-ministro da Justiça de Tancredo Neves/José Sarney Fernando Lyra morreu ontem, aos 74 anos, como prometeu: lutando pela vida até o fim de suas forças. Lyra faleceu às 16h50 (horário de Brasília), no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas, da Universidade de São Paulo (USP), em decorrência de falência de múltiplos órgãos. O "ministro que acabou com a censura" foi internado no dia 29 de dezembro passado, no Hospital Português do Recife, com uma infecção urinária. No dia 5 de janeiro, foi transferido em UTI aérea para o Incor, visando a tratar a descompensação de insuficiência cardíaca congestiva grave, doença que o acometia há 20 anos, associada a um quadro de infecção sistêmica e à insuficiência renal aguda. Por um mês e meio, Fernando Soares Lyra - um dos fundadores do Movimento Democrático Brasileiros (MDB), o partido de oposição ao regime militar -, brigou para continuar vivendo e fazendo o que mais sabia: política. Como cardiopata grave, resistia com quatro pontes de safena e três mamárias, mais um marca-passo. Desde o início da internação, o quadro de saúde só fez se agravar. No dia 11 de janeiro, foi levado para a UTI do Incor, onde o agravamento chegou ao estágio crítico nos últimos dias. Terça-feira (12), Lyra foi entubado, passando a respirar com a ajuda de aparelhos. O estado já era irreversível.

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